A bailarina cubana Alicia Alonso, diretora e cofundadora do Ballet Nacional de Cuba, morreu ontem (dia 17 de outubro), aos 98 anos, devido a uma doença cardiovascular.
A notícia da morte da maior figura da dança cubana espalhou-se pelas redes sociais e há milhares de mensagens de despedida, lembrando que foram o seu esforço e carisma que tornaram a dança e a companhia, na principal marca da identidade cultural do país.
Uma das mensagens de despedida já publicadas é do Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, que destacou, no Twitter, o “enorme vazio” e “insuperável legado” deixado pela única bailarina latino-americana, que foi ‘prima ballerina assoluta’.
“Alicia Alonso deixou-nos e deixa um vazio enorme, mas também um legado intransponível. Ela colocou Cuba no altar do melhor da dança do mundo. Obrigado, Alicia, pelo seu trabalho imortal”, escreveu o Presidente cubano.
Já o bailarino cubano Carlos Acosta escreveu na sua página do Facebook: "Neste momento, não consigo parar de pensar em tudo o que lhe devemos, no extraordinário legado que a Alicia nos deixou. Sendo filha de uma pequena ilha do Caribe, Alonso se impôs a todas as barreiras que diziam que o ballet era uma arte de países desenvolvidos, que o físico e o temperamento latino não se coadunavam aos requisitos da dança clássica. Todos esses preconceitos foram demolidos quando Alicia Alonso entrou na cena. Impôs o seu nome latino, o seu físico, a sua personalidade. A sua luta por ser reconhecida abriu as portas do ballet clássico para todos os jovens do nosso continente que sonhavam com dançar e colocou o nome de Cuba nos cartazes dos grandes cenários internacionais. Depois, ao lado de Fernando e Alberto Alonso, fundou a escola no nosso país e já é sabida a história posterior: o ballet cubano, os nossos dançarinos, são aplaudidos com admiração em todo o mundo. Eu tive a dita de dançar com Alicia Alonso em uma ocasião. Num outro momento tive o privilégio de ter tido ensaios com ela do espectro da rosa, de Michel Fokine. Foi uma experiência inesquecível porque, entre as correções, Alicia nos contava anedotas sobre o coreógrafo. Nesse dia fiquei deslumbrado com os seus conhecimentos e a sua memória, pela lembrança dessas histórias distantes que ao contar ela se faziam tão próximas. Hoje eu me associo à dor pela morte de Alicia Alonso, por tudo que ele criou, por tudo o que ele nos deu, por ser o alicerce principal de uma escola de ballet que tanta glória deu ao nosso país, por ter sido raiz de nosso movimento artístico. Junto aos artistas de Cuba, vou continuar a trabalhar para que o nosso país continue a crescer. Eu acho que essa é a melhor maneira de honrar o seu nome."
Nascida em Havana, em 21 de dezembro de 1920, de pais espanhóis, Alicia Ernestina da Caridade do Cobre Martínez del Hoyo começou a dançar aos nove anos de idade, desenvolveu parte da sua formação nos EUA e construiu uma longa e premiada carreira, na qual foi várias vezes protagonista, nos principais palcos do mundo.
O apelido Alonso era de seu marido, o bailarino cubano Fernando Alonso, com quem fundou uma companhia de dança em seu nome, em 1948, a que se seguiu a Academia de Dança Alicia Alonso que, no conjunto, depois da Revolução Cubana de 1959, se tornou no Ballet Nacional de Cuba.
"Giselle", "Coppélia" e "La Sylphide" estão entre bailados em que se destacou, desde o tempo em que fez parte do American Ballet Theater, e do Ballet Russe de Montecarlo, antes de regressar a Cuba, na década de 1940.
Entre os muitos prémios que recebeu, contam-se a Ordem José Martí, a mais alta condecoração concedida por Cuba, a comenda da Ordem Isabel a Católica, concedida por Espanha, o prémio Anna Pávlova, da escola superior de Dança de Paris.
Foi também nomeada embaixadora da Boa Vontade da UNESCO, a organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, que lhe atribuiu a Medalha Picasso, destinada a personalidades ou instituições do mundo da arte e da cultura, que se destacam a nível mundial.
Em 2010, o American Ballet Theater celebrou os 90 anos de Alicia Alonso e a sua Carreira nos palcos de mais de 60 anos, com um espetáculo de gala e uma retrospetiva em filme, na Metropolitan Opera House. (fonte: EFE)
Alicia Alonso é e será uma grande inspiração para todos nós! #sitioazuldanca #balletnacionaldecuba
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